quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Solidariedade

Outro dia eu descobri que o altruísmo é egoísta. A primeira vista, essa frase parece meio incoerente, não é?

Procurando da Wikipedia, encontrei a seguinte definição:

"Percebida muitas vezes como sinônimo de solidariedade, a palavra "altruísmo" foi criada em 1830 pelo filósofo francês Augusto Comte para caracterizar o conjunto das disposições humanas (individuais e coletivas) que inclinam os seres humanos a se dedicarem aos outros. Esse conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as inclinações específicas e exclusivamente individuais (pessoais ou coletivas)"

Então o que aconteceu? A Érika ficou doida? Num parágrafo ela diz que o altruísmo é egoísta e no outro ela diz que um conceito se opõe ao outro?

Calma! Ainda não fiquei maluca.

Há quem diga por aí (Richard Dawkins, principalmente) que nós somos pequenas máquinas de sobrevivência dos genes. O nosso corpo é apenas uma configuração estável que sobreviveu devido a sua imensa capacidade de adaptação ao meio. Nossos bracinhos são desse jeito porque nossos ancestrais que tinham bracinhos assim tiveram mais sucesso do que os que não tinham, ou seja, conseguiram passar seus genes de “bracinhos desse jeito” pra frente. No livro “As origens da virtude”, o autor Matt Ridley discute, também, as características altruísticas das espécies. Seres que tinham uma “empatia” pelos seus semelhantes tinham mais sucesso evolutivo do que aqueles que não tinham, então esse comportamento foi selecionado. Dessa forma, não só as características físicas, como também as comportamentais, passaram pela seleção natural.

Em linhas gerais, nós só somos solidários porque os nossos semelhantes, mal ou bem, compartilham os nossos genes. Logo, se o seu irmão, que pode ser “metade você”, estiver passando um perrengue, você vai ajudar. Se ele sobreviver, os genes dele sobrevivem, ou seja, os SEUS genes sobrevivem. Isso, pra mim, caracteriza um comportamento egoísta.

E o mais interessante é que isso não vai de encontro com a definição de altruísmo que eu dei lá em cima. Só porque o seu altruísmo é egoísta, você não deixa de se dedicar aos outros seres humanos. E a Teoria dos Jogos ainda explica tudo isso...

A matemática é linda!!!

Ah! Eu não sou bióloga, nem considerei os aspectos socio-antropológicos do assunto. Logo esse texto foi escrito por uma leiga que está tentando dividir com o público a sua interpretação de dois livros que ela acabou de ler. Se alguém quiser saber mais sobre o assunto, eu sugiro os livros: “O Gene Egoísta” e “As origens da virtude” ou uma rápida conversa com a Taíssa e a Zaíra (antes que ela me bata hihih =*).

Eu escrevi esse texto só porque vou visitar uma creche no dia 12 de outubro. Então eu parei pra pensar porque eu estou ralando tanto na Serenata de Natal. Será que é por causa dos meus genes?:-P Prefiro não pensar...

Bem, eu acho que o motivo não importa. O que importa é que o dia das crianças / natal de muita gente vai ser mais feliz porque mais pessoas pensam como eu, né? ( Sem querer me gabar )

3 comentários:

Zaíra Bosco disse...

glup!
me senti na obrigação de dar uma "resposta" antropológica/sociológica pro seu post...
aguarde!
;)

Unknown disse...

Hahhahahha
Sabia que a Zaíra ia reagir! :-)
O Yves leu O Gene Egoísta recentemente e todo dia vinha me contar alguma coisa interessante que tinha aprendido com o livro. É mesmo impressionante...
Pra mim, que não acredito em Deus, é reconfortante saber que, se eu conseguir procriar, vou continuar por aqui mesmo depois de morrer, através dos meus genes.

Renan disse...

Pra mim também é reconfortante saber que vou poder passar meus genes preguiçosos e alérgicos a diante
=}
A sociedade vai me agradecer

E quero ver o bate-boca com a Zaíra
=p