quarta-feira, 15 de outubro de 2008

However far away, I will always love you

Post para alguém que não pode lê-lo. Me confortaria a idéia de que talvez ele pudesse...
Hoje faz 12 anos. Me é muito estranha a idéia de que eu já vivi mais tempo sem você do que com você. Parece que foi ontem...
Parece que ainda ontem eu acordava no meio danoite e te encontrava na sala, sentado na cabeceira da mesa, tentando estudar. Seus olhos já estavam cansados e não te deixavam ler, então eu lia um pouco até que eu ficasse novamente com sono (o que geralmente acontecia em cinco minutos). Nós acordávamos sempre cedinho e íamos à Agua Mineral caminhar (eu ia nadar, na verdade) e você ficava lá me olhando, sempre atento, com seus olhos verdes que eu tanto quis copiar. Por que eu não copiei? Desastrosos milagres da genética...
Exatamente há 12 anos eu estava feliz com o presente que você me dera no dia das crianças. Eu tinha esperado tanto por aquela casinha de bonecas, e finalmente meu sonho tinha sido realizado. Nós tínhamos acabado de voltar de uma viagem curtinha, onde você já tinha dado sinais de piora. Eu percebi... tanto percebi que troquei o jantar com o resto da família para te acompanhar no hotel e ficar algumas horas a mais com você.
Logo a minha preocupação foi trocada, novamente, pela alegria do presente tão esperado. Era feriado e eu estava contente por não ir à escola. Até que você bateu na porta do meu quarto e me falou: "Filha, vou ao hospital". Eu nunca achava que era grave, afinal você sempre ia e passava alguns dias mas sempre voltava. Então eu não dei bola e falei o costumeiro: "Volta logo, tá?" e continuei com meus afazeres "importantíssimos". Só que de repente bateu uma angústia e eu saí correndo para te ver de novo. Te peguei ainda na porta de casa e consegui te dar um abraço, um último beijo e me despedir: "Fica bem, tá? Vou te fazer um desenho, caso você fique por lá".
Será que eu senti que você não voltaria?
Sinceramente, eu não sei. Só sei que nesse dia você não voltou. O desenho nunca foi terminado, só consegui pintar o amarelo do sol. E ainda tinha tanta coisa pra gente fazer! Tantos conselhos pra eu te pedir, tantas idas ao clube, tantas viagens, tantas risadas, tantos abraços, aulas de matemática, tantas broncas, tanta vida...
E há 12 anos eu tive que reaprender a viver. Eu quis até ir junto, porque naquele dia a saudade, que dói até hoje, doeu mais. E eu não sabia pra onde ir, o que fazer ou porque seguir em frente. Havia motivo pra seguir em frente?
Havia muitos, mas naquele dia eu não conseguia ver. Felizmente, mais tarde eu consegui. Tive momomentos difíceis, em que eu precisei do seu colo e da suas palavras: "Pequerrucha, vai dar tudo certo". Tive bons momentos, em que eu quis que você ficasse orgulhoso de mim. Momentos de dúvida, de alegria, de tédio, de paz, de amor, de saudade, de tristeza, momentos que eu queria e precisava dividir com você, mas não pude.
Só sei que você participou de tudo mesmo assim. Porque apesar da Érika ter vivido mais sem você do que com você, ela só é a Erika porque você exisitiu...
E me confortaria a idéia de que, talvez, você continuasse a existir em algum outro lugar.

6 comentários:

Maria Lopes disse...

eu também espero que os nossos pensamentos pra essas pessoas que nos dão tanta saudade cheguem em algum lugar, onde eles estejam e olhem pra gente, e nos abracem em sonhos e sintam orgulho de quem nos estamos nos tornando... ;)

Tats disse...

Você me reduziu a lágrimas com o seu texto e me senti muito privilegiada de ter lido antes dele ter sido publicado. Algumas coisas não parecem justas, mas devem ter algum motivo. Você deveria ter passado mais tempo com ele e eu queria muito ter conhecido ele, mas são as coisas da vida (clichê, mas verdade!). Mas acho que mesmo nessa distância ele não deve ter deixado de acompanhar vc e sentido o tanto de orgulho que vc deu! Se eu, sua amiga, já explodo de tanto orgulho de vc, imagina ele?
beijo amore! =***

Zaíra Bosco disse...

euomm=*

Zaíra Bosco disse...

hahahahaha!!!!!
o "euomm" eram as letras do código visual..não sei porquê cargas dágua saiu aqui!

Maria Lopes disse...

hahahahaha
só a lentilha mesmo... kkkkkkkk

Kinha disse...

hahahahhahahaha