sexta-feira, 19 de março de 2010

Sobre o tempo...


Hoje eu quero escrever sobre uma das minhas principais curiosidades.

O tempo.

Isso mesmo. O tempo. Esse, que pode ser calculado pela distância e pela velocidade. Esse tempo, que parece cada vez mais curto e que escorre entre meus dedos. Esse tempo, que quando queremos que apresse, anda devagar. E que quando queremos que diminua o passo, aumenta ainda mais.

Eu queria escrever algo científico sobre o tempo. Queria compreendê-lo, conhecer suas equações, dimensioná-lo. Subtraí-lo. Multiplicá-lo. Contraí-lo quando estivesse longe de ti, e aumentá-lo quando estivesse em teus braços. E queria aprisioná-lo em minhas mãos. Ser sua senhora. A senhora do tempo.

Mas isso tudo é impossível. Não é possível expandir e contrair o tempo como se fosse uma função que se comporte como eu bem entender. O tempo não é matemático. O tempo não é mensurável, mesmo que tentemos dimensioná-lo com o tic tac dos relógios, com o período de radiação de um átomo, com o passar das noites e dos dias. Com minhas primaveras e teus verões.

O tempo nada mais é do que uma ilusão. Uma percepção. Um sopro. Um breve intervalo entre duas localidades, entre dois acontecimentos. Entre duas vidas. Entre teus beijos, teus braços e teus abraços.

Às vezes, me pergunto se seria o tempo um carrasco que nos aprisiona sempre que tentamos enganá-lo. Ou se seria uma piada de Deus. Uma piada que nos surpreende sempre que cremos tê-la decifrado? Uma piada! Uma piada que diz que a única maneira de ganhar tempo, é perder tempo.

Um paradoxo. Uma prisão. Um momento de solidão que dura eternamente. A eternidade de paixões que duram um instante. A certeza de que sempre temos tempo, e de que tudo se repete. Sem nunca voltar atrás...

Sobre o tempo, só posso dizer uma coisa: que o meu tempo seja infinito enquanto dure.

O sertão vai virar mar...

Cânion do Xingó, entre Alagoas e Sergipe. Fui lá ontem...
Eu ia postar as fotos, mas eram tantas que preferi fazer um vídeo...
:-)
É o primeiro vídeo que eu faço, então desconsiderem a breguice!



A música que eu escolhi (Sobradinho - Sá e Guarabira, versão do biquini cavadão) não se refere a essa barragem, ok? E sim a outra barragem, também no Rio São Francisco.


o Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia, vai subir bem devagar
E passo a passo, vai cumprindo a profecia
Do beato que dizia que o sertão ia alagar
O sertão vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
O sertão vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
Adeus Remanso, Casanova, Sentisé
Adeus Pilão Arcado veio o rio te engolir
Debaixo d'água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira, o Gaiola vai subir
Vai ter barragem no Satu do Sobradinho
O povo vai se embora com medo de se afogar
O sertão vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
Vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
Adeus Remanso, Casanova, Sentisé
Adeus Pilão Arcado veio o rio te engolir
Debaixo d'água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira, o Gaiola vai subir
Vai ter barragem no Satu do Sobradinho
O povo vai se embora com medo de se afogar
O sertão vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
Vai virar mar
Dói no coração
O medo que algum dia
O mar também vire sertão
Remanso, Casanova, Sentisé
Pilão Arcado, Sobradinho, adeus, adeus
Remanso, Casanova, Sentisé
Sobradinho, adeus, adeus
Remanso, Casanova, Sentisé
Sobradinho, adeus, adeus


Beijos

terça-feira, 16 de março de 2010

E a vida? É bonita, e é bonita...

Hoje eu quero falar sobre um assunto muito delicado. E eu não sei nem por onde começar. Quer dizer, por onde começar eu sei porque essa já é a quarta tentativa, só não consigo terminar.

Comecei querendo falar sobre o poder da escolha, fé e destino, mas na verdade, eu quero mesmo é dividir um pouco da experiência que eu estou tendo aqui em Aracaju com a minha família e que passa por todos esses assuntos que eu mencionei aí em cima.

Vou começar pelo fato. Há quase dois anos, um primo meu daqui sofreu um acidente e ficou tetraplégico. De certa forma, o que aconteceu parece um pouco com o que está sendo retratado na novela das oito. Eu acompanhei o processo muito menos do que eu gostaria de ter acompanhado, e a verdade é que só agora eu o vi novamente.

Durante esses quase dois anos, nós conversamos algumas vezes via telefone/skype... e em nenhuma dessas vezes ele mostrou desânimo, tristeza, e nem quis culpar ninguém pelo que aconteceu com ele. Aliás, se alguém conversasse com ele pelo telefone, sem saber do acidente, nem sequer pensaria que ele está no estado que se encontra.

Alguém aqui consegue se colocar no lugar dele? Um pai de família, com uma família linda, duas filhas adolescentes, uma esposa que o ama muito, de repente se vê tetraplégico. De repente vê tudo mudar... e não se revolta. Ele resolve continuar dado que o acidente aconteceu, dadas suas novas limitações. E ele faz isso tão bem...

E eu me pergunto de onde vem essa força, essa garra. Nós, seres humanos, temos a tendência a nos adaptarmos a diversas situações, a diversas limitações. Não só físicas, como é o caso, mas também sociais. Quantas vezes nos chocamos com a capacidade de algumas pessoas de viverem em condições subhumanas? Não basta ter um "corpo preparado" para se adaptar. É preciso ter uma "mente" preparada para prosseguir. Embora eu não goste dessa divisão "corpo"/"mente", eu não consigo arrumar palavras melhores para utilizar.

Agora eu vou voltar àqueles três pontos que mencionei no começo do texto: escolha, fé e destino. Eu realmente acredito que nós temos poder total sobre as nossas vidas, ou seja, sempre temos uma escolha. Contudo, (in?)felizmente, existem coisas em nossas vidas sobre as quais nós não temos o controle. O acidente do meu primo, por exemplo.

Confesso que pareci um pouco contraditória nessas frases acima. Mas vou tentar explicar. Alguns dos fatos que acontecem na nossa vida não são previsíveis. Algumas pessoas chamam isso de destino. Eu chamo de "eventos aleatórios". Mas, mesmo com a aleatoriedade desses fatos, nós sempre temos o poder de decidir o que vamos fazer com eles. Algumas pessoas se acovardam diante dos problemas. Outras se encorajam, como o meu primo.

Alguns culpam a economia, a falta de oportunidade, e até mesmo o universo por seus fracassos. Deixam suas vidas passarem, porque só vão viver quando conseguirem o emprego, quando ganharem na loteria, quando "Deus quiser". E é até bem cômodo viver assim, não é? Eu vivo um pouco assim...

Já outras pessoas, nascem com o espírito inquieto. Com aquela chama que clama por mudança, por melhoria, por saber. Enfrentam a vida de peito aberto, sem medo. Elas têm fé. Não só fé em Deus, mas fé na vida. Fé nelas mesmas. (No caso do meu primo, ele é um exemplo de homem de fé. Mesmo. E é até bonito conversar com ele sobre suas convicções religiosas, mas isso é assunto para outro post).

Hoje eu tive o prazer de acompanhá-lo em uma das suas sessões de fisioterapia. E é incrível ver alguém progredindo tanto. Ele está aos poucos reaprendendo seus movimentos, recuperando sua sensibilidade. Ele está vivendo cada vitória aos poucos, saboreando a beleza de cada conquista.

E acho que é isso que as vezes falta na vida de todo mundo. Nós nos preocupamos tanto com as grandes vitórias, as grandes conquistas, que nos esquecemos que cada segundo, cada minuto, cada dia vivido já é bem mais do que precisamos para comemorar.

Eu sei que tudo isso que eu falei parece estar desconexo, estar sem sentido, mas é que ele tem sido um exemplo tão forte pra mim, eu estou me sentindo tão emocionada com sua trajetória, que eu tive que compartilhar com vocês aqui no blog.

sábado, 13 de março de 2010

Como você está se sentindo hoje?


Hoje eu não sei como estou. Acordei me sentindo um ponto.
Nem ponto final, nem ponto de exclamação ou interrogação. Apenas um ponto.



Apenas um ponto. Uma intersecção entre duas retas perpendiculares. Sem ter vindo de lugar nenhum, sem ir para lugar nenhum. Sempre parado ali naquele lugar, que ninguém sabe onde é. Será possível?

Será possível acordar se sentindo um ponto e dormir se sentindo outra coisa? Será que ser uma vez ponto, é ser sempre ponto? O que é ser ponto? Como deixar de ser ponto?

São tantas perguntas. Vou parar de imaginar.

Só sei que hoje acordei ponto, e durmo ponto. Mais ponto ainda do que quando acordei.

Sem começo, nem fim. Só ponto.

Sem passado, nem futuro. Só ponto.

Um instante em uma sucessão infinita de acontecimentos. Um ponto.

Sem lembranças, sem expectativas. Só ponto.

É tão chato ser ponto. Um ponto não foi, um ponto não será. Um ponto só é. Um ponto não pode nem pensar em ser, pois enquanto ele pensa em ser, ele é.

E ele é sempre esquecido.

Se é um ponto de partida, só pensam no ponto de chegada.
Se é um ponto de chegada, só pensam no próximo destino.
Se é um ponto final, só pensam no resto, no caminho percorrido até ali.
Se é um ponto e vírgula, não é nada. Ninguém sabe usar.

Um ponto é só um ponto. Não adianta querer que ele seja mais ou menos. Ele é o que ele é.

E ponto final.





sexta-feira, 12 de março de 2010

Arrumando as malas!




Nossas vidas seriam tão mais fáceis se sempre pudéssemos arrumar as malas. Pegar o essencial, deixar pra trás o resto. Deixar pra trás a vida. A realidade. As incertezas. Os erros...

Partir.

Partir. Sem rumo, sem destino. Apenas com o essencial, a curiosidade e aquele friozinho na barriga, de quem não sabe o que vai acontecer depois. Aquele friozinho do primeiro dia da escola, do primeiro beijo, da primeira viagem de avião, do primeiro amor...

Partir sem destino, e recomeçar.

Recomeçar como se nada houvesse acontecido até aquele instante. Como se tudo fosse o agora, o hoje, sem antes ou depois. Sem erros, sem arrependimentos, sem palavras não ditas. Só uma inexplicável vontade de ser feliz...

Ser feliz como se ninguém estivesse olhando. Como se ninguém te conhecesse e você pudesse ser, finalmente, quem você é. Sem se preocupar com os outros. Com os rótulos. Com o convencional. Com o que vai acontecer amanhã ou depois. Ser feliz, como se sua felicidade não causasse impacto na felicidade de mais ninguém. Ser feliz por você mesmo, e com você mesmo.

E quando, finalmente, a rotina do não casual ficasse cansativa, poderíamos, enfim, desfazer as malas. Juntar o essencial ao resto. Voltaríamos para casa, revigorados, com aquele ar juvenil que só quem enfrentou o incerto pode ter...

Voltar pra casa.

Aproveitar aqueles segundinhos de nostalgia. De saudade. Curtir o sabor do retorno. Acostumar-se à rotina.

Até o dia em que aquela inquietação costumeira aparecer novamente, nos convidando para conhecer (de novo) o desconhecido, e a recomeçar como se fôssemos outros. Num mundo perfeito.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Podemos mudar quase tudo em nossas vidas...

... menos as nossas paixões.

Será?

Ouvi essa frase em um filme outro dia (O segredo do seus olhos), e ela chamou minha atenção. Não sei porque fiquei intrigada com ela. Só sei que no mesmo momento eu quis encontrar alguma paixão que tenha me acompanhado a vida inteira. Então eu acabei fazendo uma retrospectiva, e não é que encontrei a tal paixão?

Quando eu era criança, eu gostava de brincar com bonecas. Como boa parte das meninas com menos de 10 anos, até hoje. Eu gostava de brincar com bonecas, assistir desenho animado, andar de bicicleta, patinar e desenhar. Desenhar qualquer coisa, mas desenhar.

Quando eu era adolescente, eu gostava de ler. Gostava de ler, queria aprender mais sobre o mundo, sobre a física, sobre a história. E queria pintar. Qualquer tempo livre que eu tinha, eu ia pra minha aula de pintura a óleo, pintura em gesso, pintura em qualquer lugar... e isso me libertava da minha "traumática" vida juvenil. No momento mais triste da minha vida, adivinhem o que eu estava fazendo? Pintando. Quem diria?

Já na faculdade, eu deixei de pintar. Muitos cálculos, muitas noites em claro, muitas preocupações. Era a simulação que não deu certo, a lista que eu deixei de fazer, o estágio que eu tinha que procurar, a prova de TECOM...
Mas lá estava eu aprendendo a fazer mosaico.

E na única parte da minha vida (o mestrado) em que eu deixei de fazer qualquer coisa "artesanal", o que aconteceu? Tudo desandou...
Larguei o mestrado, me perdi no caminho, cheguei até a achar que eu não sabia mais quem eu era, o que eu queria da vida.
Fiz um blog (este, por acaso), não me encontrei.
Fui pra outro país, não me encontrei.
Fui estudar pra concurso, não me encontrei.
Encontrei um outro alguém, mas não me encontrei.

Voltei a fazer mosaicos, me reencontrei.

Voltei pro mestrado, tudo deu certo de novo. Claro que não foi só pelo mosaico, ou pela pintura (nem a causa, nem a consequência), mas confesso que ele teve um grande papel nisso tudo.

Vale a pena viver sem a sua paixão?
Você é você mesmo, sem a sua paixão?

Voilá! O artesanato (a arte?) é minha paixão, mesmo que eu a tenha renegado ao longo da vida.

Qual é a sua?






quarta-feira, 3 de março de 2010

E se?


Sempre quis ter coragem de fazer uma tatuagem. E sempre que eu penso em tatuagem, eu só penso em um desenho, que traduz um amor que eu tenho há quase dez anos. Uma firedancer, como a daí de baixo:
Mas sempre em que eu penso em fazer uma tatuagem, eu penso logo em ... "E se":

E se for besteira tatuar o símbolo de uma banda?
E se eu não gostar mais dela daqui a dez anos?
E se eu me decepcionar?
E se me atrapalhar no trabalho?
E se eu enjoar?
E se perder o sentido?
E se...?

Esses "E se" 's me atormentam há bastante tempo, tanto tempo que nem sei mais ...
Assim como todos os "E se"'s que nos atormentam em todas as escolhas das nossas vidas, certo? Eu, pelo menos, sou cheia de "E se" 's.

Hoje eu percebi que se preocupar com os "E se?" de nossas vidas é extremamente necessário. Mas que se preocupar só com eles, é perda de tempo, porque a gente nunca sabe o que vai acontecer mesmo.

Por isso hoje eu decidi muitas coisas em 10 minutos. Decidi que ia aceitar uma proposta de emprego, que ia ver meu namorado do outro lado do mundo, e que ia parar de me preocupar com os "E se"s...

Porque tudo o que eu tenho, tudo o que eu sou, é agora. E não existe nada além disso. Não existe nem passado, nem futuro. Só o presente. Só o agora. Eu nunca vou ser como eu fui ontem, e nunca vou saber como vou ser amanhã.

Quanto a tatuagem, decidi que vou fazer mesmo quando voltar de viagem. E se eu me arrepender de fazer ?

Não importa. Ela vai sempre me lembrar do que eu sou, do que eu quero agora, certo? Não estou fazendo pela Erika de 30, 40, 50 anos.
Vou fazer pela Erika de 24.

Aquela que eu nunca fui, e que nunca mais serei de novo.

O único problema agora é escolher a frase que vai acompanhar. Mas são outros 500...

segunda-feira, 1 de março de 2010

Parece mentira...

Há quase 41 anos (!!!) o homem pisou na Lua pela primeira vez. E o mundo "acompanhou" pela TV...
Não em tempo real, mas acompanhou todo o processo. (Mesmo assim, tem muita gente que diz que não é verdade, mas não vou discutir isso)

Hoje eu vou falar sobre alguns avanços tecnológicos desde então...
Hoje nós não só podemos "acompanhar pela TV" os grandes acontecimentos da humanidade, como também podemos participar deles.

Hoje, nós podemos não só ver as fotos que tiraram do espaço, como podemos também conversar com os astronautas que ainda estão lá. As frases de efeito, como "a terra é azul" ou "um pequeno passo para o homem, um grande passo para humanidade", não são mais transmitidas pela TV. São transmitidas pelo twitter!!! E nós podemos até comentá-las, assim como comentar as fotos e acompanhar o humor dos astronautas.

Eu acho isso incrível. A tecnologia, que todo mundo diz ser "impessoal", a tecnologia, que alguns dizem que pode "afastar as pessoas", fazer com que as criancinhas não brinquem mais na rua, traz cada vez mais o mundo inteiro pra dentro da nossa casa...

E eu não acho, de jeito nenhum, que isso seja negativo. Hoje alguém publica uma idéia na Malásia/ China/ Peru ou em qualquer lugar e amanhã o mundo inteiro pode discutir essa idéia! Eu fico maravilhada com esse tipo de coisa :-)

Seguem algumas fotos que meu "amigo" de twitter, um astronauta chinês, enviou para o mundo nos últimos dias...



E isso me faz lembrar a música do Tom Jobim...

"Rua,
Espada nua
Boia no céu imensa e amarela
Tão redonda a lua
Como flutua
Vem navegando o azul do firmamento..."