sábado, 27 de dezembro de 2008

"A vida é uma caixinha de bombons, você nunca sabe o que vai encontrar lá dentro"

Manhã de algum dia de outubro, em 2001. Três adolescentes, entediadas com a aula de física, resolvem trocar bilhetes para o tempo passar mais rápido. Como sempre ficam sem assunto, uma delas resolve apelar e perguntar como elas imaginam sua vida em 20 anos.
Sete anos se passam, é dezembro de 2008. O bilhete que elas trocaram naquela manhã é encontrado... revelando que nem de longe,acertaram como seria suas vidas em 20 anos.
Tudo bem que não se passaram 20 anos, mas em sete o rumo de nossas vidas se distanciou MUITO das nossas previsões aos 16 anos de idade! Pois é, eu era uma das adolescentes e as outras duas são (quase) as únicas leitoras desse blog! Pelo menos a amizade persistiu a esse tempo todo.
Não vou revelar o conteúdo de todas as (desastrosas) previsões, vou revelar só a minha e com o único objetivo de provar que não adianta fazer planos quando se tem 16, 23 ou 50 anos, porque a vida sempre vai encontrar um jeito de se fazer inesperada.
Aos 16, eu imaginava que aos 36 eu seria uma advogada. Passaria o dia inteiro em tribunais (e advogado faz isso hoje em dia? hihi), teria um casamento falido porque, simplesmente, daria mais valor ao trabalho do que a família. Deu pra perceber que naquela época eu não era uma pessoa muito otimista com às minhas relações pessoais, deu pra perceber também que eu estava bitolada com o vestibular (pois é, eu fiz esse vestibular pra direito) e achei que minha vida continuaria assim eternamente.
Como eu era espertinha, sabia que era difícil controlar todas as variáveis da vida, fiz uma outra previsão: Se o plano A não desse certo, em tinha o plano B. E o plano B era ir aos Estados Unidos, para trabalhar em um centro de pesquisa bem avançado. Olha que o plano B se mostrou bem mais coerente com algumas escolha que fiz desde aquela época...
Aos 23 eu sou engenheira, iniciei um mestrado e quase me tornei a pesquisadora do plano B. Exceto pelo fato de que o plano B incluía pesquisas em engenharia genética, e o meu mestrado é em telecomunicações (no cerrado mesmo, a milhares de quilômetros dos EUA)! As chances de ir para "um centro de pesquisa bem avançado" são mínimas, já que atualmente eu nem sei se vou me tornar "mestre" um dia. Aos 23 estou longe, bem longe de casar e muito mais longe de ter um casamento falido. Imagina ? Ô criaturinha pessimista esse meu "eu" do passado.

De uma coisa eu tenho certeza: Aos 16, no verso desse bilhete, eu combinei um passeio com a Zaíra e a Taíssa a Ermida Dom Bosco. Aos 23, eu realizei o passeio! Por motivos óbvios, só com a Taíssa. Mas não me atrevo a dizer que não realizarei esse passeio algum dia com a Zazá também ;).

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O último que sair apaga a luz!


Essa expressão era bastante utilizada nos anos 80 e 90 aqui em Brasília nessa época do ano, pois retratava o vazio da cidade quando todos viajavam para aproveitarem as festas nas cidades de origem. Por ser uma cidade bem nova, de apenas 48 anos, é difícil encontrar adultos filhos de pais brasilienses e talvez isso justifique a migração temporária dos brasilienses para outros estados em dezembro. Eu costumava ser uma dessas, mas esse ano fiquei por aqui pra apagar a luz enquanto observo os amigos e parentes indo embora para rever a família.
O que pude observar é que Brasília é cinza em dezembro. Mas o cinza é diferente daquele que vemos em setembro por causa da seca. O cinza "dezembrino" é da umidade, das chuvas que caem a todo instante. Se em setembro eu escrevi um post pra comemorar o primeiro dia de chuva, em dezembro eu escrevo pra retratar os raros dias de sol. Mas até esse cinza tem a sua beleza, porque realça as famosas luzes de natal eternizadas em "Faroeste Caboclo":

E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto Central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal

"Meu Deus, mas que cidade linda,
No Ano-Novo eu começo a trabalhar"

É, Brasília é linda no natal. Hoje eu passei pelo eixo monumental e pude ver todos os enfeites, desde o presépio do Memorial JK, até as luzes dos ministérios. O cinza do dia vem pra combinar com a solidão melancólica (e bela) da cidade em dezembro e destacar as luzes a noite.
Sei que daqui a alguns anos isso não vai ser mais verdade. Daqui a alguns anos os filhos de brasilienses farão a migração contrária, da capital para o resto do país e retornarão apenas para passar as festas. Isso deixará a cidade mais agitada, mais alegre, com um clima mais natalino.
Enquanto esse dia não chega, eu fico aqui solitária e observando o silêncio, a calma e a tranquilidade dessa cidade que eu amo, e que é tão peculiar. Às vezes eu até me pergunto se eu conseguiria viver em algum outro lugar, que não tivesse esse céu, essa dinâmica (ou falta de dinâmica), essa secura, esse cinza, essas luzes e esse ritmo. Espero que sim, mas nunca vou deixar essa cidade de lado, afinal, eu tenho todo o orgulho de ter nascido aqui...


terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Balanço Literário de 2008

A idade chegou e eu não vou me lembrar de todos os livros que li, mas vou falar dos poucos que lembro...

Sidarta - Herman Hesse. O livro não é uma biografia do Buda, mas bem que poderia ser. É interessante pra quem gosta das religiões orientais e conta a história do jovem Sidarta e sua busca pelo auto-conhecimento. O escritor ganhou um nobel em Literatura e atualmente, estou com o "Jogo das contas de vidro" pra ler, mas ainda não tive coragem.

Budapeste - Chico Buarque. Nunca tinha lido nenhum livro do Chico e confesso que gostei bastante.  É muito envolvente, li rapidinho e no final fiquei com vontade de aprender húngaro que, segundo José Costa , o protagonista do livro, é a única língua no mundo que o diabo respeita. 

As origens da virtude - Matt Ridley. Esse é para quem gosta um pouquinho de biologia, psicologia e teoria dos jogos (eu! eu! eu!). Ele explica como nós animais desenvolvemos, a partir das trocas sociais, os nossos sentimentos e até a nossa moral. Mas é claro que ele também leva em conta a antropologia (Viu Zaíra?) hehehehehe.

O fim da Terra e do Céu - Marcelo Gleiser. Eu também gosto de história e física, hehehe.  Esse é pra quem tem gostos estranhos como eu. O físico Marcelo Gleiser foi bastante feliz nesse livro. Como o título mostra, o livro é sobre o Apocalipse mesmo, do ponto de vista científico e da religião. E até que ele deixa o lado científico meio descomplicado. 

O Encontro Marcado - Fernando Sabino. Outro companheiro de viagens. Impossível não se envolver com a evolução do inquieto e determinado Eduardo Marciano. Confesso que eu fiquei meio triste com o rumo da vida dele, mas ele acaba se encontrando em algum ponto. Vale a pena ler! Vou até reler o "Homem nú", porque o Fernando Sabino é sensacional.

Amor nos tempos do cólera - Gabriel Garcia Marques. Bom pra quem quiser conhecer o triângulo amoroso da Fermina, do doutor Urbino e do Florentino Ariza com suas quinhentas amantes. É um livro lindo, e o filme com o Javier Bardem foi EXTREMAMENTE fiel.

Livros incompletos

O gene egoísta + Deus, um delírio - Richard Dawkins. Ambos eu não terminei de ler. Não porque sejam ruins, que não são. E estão longe disso. Mas é que eu tenho o péssimo hábito de ler 3 ou 4 livros por vez. Aí acabo preferindo um ao outro. Esses dois vão mais longe que o "As origens da virtude" e explicam a origem dos comportamentos humanos com base na biologia evolutiva. Vão tão longe que, no último, o autor expõe suas razões, com base na teoria das memes e nos nossos genes queridos, para acreditar (e provar?) que a nossa crença em Deus é absurda.
Esses deixariam a Zaíra de cabelo em pé. E talvez o meu relato deixe a Taíssa de cabelo em pé. 

O mundo assombrado pelos demônios - Carl Sagan. É o mesmo autor de Contato (lembram do filme, com a Jodie Foster?). Ele também é físico e se vocês forem ao Museu de História Natural em NY encontrarão um show no planetário que foi projetado por ele. O livro é muiiiiito legal, é sobre a propagação de pseudociências hoje em dia, e a tendência que os homens têm de acreditar mais em coisas sobrenaturais que em coisas cientificamente comprovadas.
Por enquanto é isso que eu tenho a dizer. Espero que eu termine logo ;)

Olhai os Lirios do Campo - Erico Veríssimo. Esse eu comecei ontem, não dá pra dizer nada ainda. hehehehe =)

sábado, 20 de dezembro de 2008

bye bye 2008...


É fim de ano, de novo. E esse último passou tão rápido, voando pra falar a verdade. Ainda lembro da minha animação para o reveillon do ano passado. E agora, vejam só, já estou me preparando para outro.
Eu sei que na prática nada muda, mas é bom termos a sensação de que ciclos se completam e de que podemos sempre recomeçar. E, amigos, recomeçar é preciso (especialmente pra mim).
Me despeço de 2008 assim como eu me despedi de 2007, e assim como eu espero me despedir de 2009 e de todos os muitos anos que espero ter pela frente: Agradecendo pelo melhor ano que eu já tive.
Ano passado eu me formei, fui a NY, a Bariloche, passei no mestrado. Foi um ano intenso, cheio de alegrias e decepções também, porque nada que é intenso é perfeito.
Esse ano eu sofri, sofri por aceitar verdades que eu nunca quis aceitar, por querer acreditar que certas pessoas têm conserto, quando na verdade não têm, sofri por me culpar por coisas que nunca foram minha culpa e também sofri pra me reinventar (ainda estou nesse processo).
Mas as coisas boas desse ano superaram, e muito, as coisas ruins. Saí do mestrado (ou tirei um tempo? Ainda não sei. Só sei que foi melhor assim), apresentei em congressos aqui e no exterior (quem diria?), revi amigos que há anos eu não via, viajei com amigos, com a família, fiz novos amigos enquanto me descabelava com a Serenata de Natal. Voltei a mosaicar! Minha família está se "reestruturando".
Eu conheci o Dave! Acho que só isso já bastaria pra 2008 ser o melhor ano de todos, mas eu sou  "so damn lucky" que ainda aconteceu algo melhor:
Conheci alguém ultra-mega especial, e que me deixou morrendo de saudades agora que está em outro hemisfério... sorte que é temporário. :)

De 2008 restaram três coisas:
1 - Tristezas não são eternas, e quando elas passam te deixam mais forte
2 - Alguns amigos são para vida toda. Não importa se eles morem ao seu lado, no Rio ou em Olinda. Não importa se eles conversam com você sempre ou uma vez por ano. Alguns são amigos pra sempre.
3 - A felicidade pode ser infinita, mesmo que seja só enquanto dure.

Que venha 2009!